19.12.07

Quinze Primaveras

-Eu to velho demais pra isso.
-Tá nada.
Carlos, 19 anos, olhou para Henrique, 15 anos, seu irmão.
-Eu vou te ensinar isso uma vez, e só. E se não funcionar não me liga.
-Tá.
-Presta atenção.
Henrique endireitou sua gravata e atravessou o portão da frente. O segurança o encarou :
-Convite?
-Convite? Poutz... - Henrique procurou no bolsos interno em vão. - Acho que eu esqueci. Ah, oi tia!
A senhora que aguardava no hall de recepção deu um sorriso. Henrique foi logo cumprimenta-la com um beijo e um abraço.
-Tá bom, pode entrar.
Carlos olhava Henrique admirado.
-Como você conhecia ela?
-Eu não conhecia.
-Mas...
-Mas ela tá recepcionando os convidados enquanto a filha tá se arrumando. Onze e quarenta. A aniversariante nunca tá na porta. Sempre que você puder não entra com a aniversariante na porta, principalmente se ela já te viu antes.
-Hum...
-É mais fácil de entrar com um bando de amigos sempre. A valsa é um saco então você não vai perder nada chegando lá pela meia-noite. Mas no Mediterrâneo o jantar é servido onze e meia.
-E lista?
-Bruno. Tem sempre um Bruno. Mas se você quiser é só espiar o primeiro nome sem estar ticado enquanto você tá na fila. Sempre troca uma idéia com o segurança, e se você for mandado embora ou barrado na porta, nunca liga pra mim ou fala pro pai que eu te incentivei a fazer isso.
-Tá.
-Agora vai com seus amiguinhos e curte sua festa, eu vou pegar um uisque e dar o fora.

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