19.2.08

A Grande Marcha da Humanidade


Todos seguiam em duas filas paralelas. Vestidos em suas roupas cinzas e sapatos pretos, diferenciados apenas pelos números em suas camisas, seguiam de cabeça baixa e em um silêncio ensurdecedor. Os olhos dos homens armados seguiam a eles, e vez em quando, quando alguém cai na fila ou tentava sair de seus percurso, alguns gritos de ordem e uma salva de tiros se seguiam.
E no meio deles ele seguia só. Desesperado, ainda não conseguia entender o que acontecia ao seu redor. Andou por um quilometro ou dois de cercar até avistar o casarão no fim da estrada de terra batida. Seus olhos se encheram de lágrimas e finalmente depois de horas ele conseguiu falar.
-Oh, My God.- Sua voz saiu rápida. Olhou tudo ao seu redor. As pessoas seguindo em direção das chaminés de fumaça negra não traziam nenhum conforto a ele. Os segundos de admiração significavam só uma coisa, ele parara e aqueles que vinham atrás dele tinham de desviar deformando assim, a ordem das duas filas.
O primeiro soldado saiu de seu posto de guarda gritando. Gritava, gritava, mas aquelas palavras não traziam significado algum. O homem fardado apontava em direção do casarão e gritava mais ainda.
Suas pernas tremiam e ele não conseguia falar em meio de tantos gritos.
O segundo e o terceiro soldado se aproximaram.
Um garoa fina começa a cair e fila se desviava dos quatros homens parados.
Três gritavam e um gaguejava.
Até que o primeiro pegou sua arma e apontou para ele.
-I cannot...
A primeira palavra saiu gaguejada e foi procedida pela primeira frase completa que ele dizia em tempos.
-I can't understand what you sayng. I don't understand you. Don't kill me, bro... Don't kill me...
O soldado apontou a arma para os seus olhos.
-Please.
Silêncio. Uma palavra e o silêncio. A fila parou de andar para olhar aquela cena. O homem caiu nos chão chorando. Ele viu pelo canto dos olhos as botas se afastando. Ali, na lama, ele se sentia só.

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