29.1.08

O quarto da escada


Eu queria escrever a obra prima da solidão.


Começaria do nada, como tudo que eu faço. E seria sobre um cara, como tudo que eu faço também. Um cara com um problema que ninguém sabe, mas acabou de acontecer. Os amigos deles dizem que ele superou bem mas ele ainda sofre em segredo. Mas ele acabe encontrando alguém que guia ele por uma mudança de vida onde ele acaba encontrando a felicidade.

Chamaria a "Fortaleza" e seria para os dias alegres.


Já essa outra começaria com outro cara acordando de madrugada, pegando seu cigarro e indo fuma-lo na janela de seu apartamento. Na cama ela dorme sem roupa e ele olha pra ela coberta por seus cabelos. Um insight e descobrimos que eles estão separados faz anos e se encontram naquele noite e por causa de um porre do destino terminaram ali. Daí em diante eles tentam reatar o relacionamento até ele descobrir que tem cancêr e sumir, deixando nada apenas que seu cinzero cheio de bitucas de cigarros.

Chamaria "Cinzas de Relacionamentos" e seria para os dias tristes.


Mas a que seria a melhor é a história dele. "O Homem que não sentia nada". Após uma conversa noturna e dramática no celular Jorge não consegue sentir mais nada. Frio, fome, sono, medo, cansaço. A história se passaraia enquanto ele tenta encontrar algo que o faça sentir alguma coisa. O climáx seria após se acabar, pouco antes de morrer de fome, frio e sede, Jorge sente um simples calafrio ao pensar que procurou o que perdeu em todos os lugares menos com ela. Ele morre na porta da frente da casa dela.

"O Homem que não sentia nada", seria para os meus dias.


Minha coletanêa solitária está escrita e guardada no quarto da escada. Escondido lá no alto. Onde ninguém pode ver.


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